AS MULHERES NA POLITICA BRASILEIRA

 

Na última década tem havido crescente preocupação com a representação política das mulheres. Não poderia ser o contrario. É baixa a presença delas em cargos de decisão política, o que faz falta para a Democracia.

Nesta pandemia do Coronavírus, os governos liderados por mulheres viraram referência. Um artigo recente da colunista Avivah Wittenberg-Cox na revista “Forbes” as considerou “exemplos de verdadeira liderança”.

“As mulheres estão se colocando à frente para mostrar ao mundo como gerenciar um caminho confuso para a nossa família humana”, escreveu.

As mulheres representam 70% dos profissionais de saúde em todo o mundo. Já no mundo político, em 2018, elas eram apenas dez dos 153 chefes de Estado eleitos, de acordo com a União Interparlamentar. Apenas um quarto dos membros dos Parlamentos do mundo são mulheres.

Para nós, que envergamos a bandeira do municipalismo, a democracia é mais do que uma forma de Estado, ou de uma convicção íntima, é um dever com a própria consciência. E é no município que se forma a verdadeira democracia.

O desequilíbrio na participação de homens e mulheres em processos eleitorais é objeto de crítica permanente das principais lideranças femininas no país, a partir da Secretária Nacional de Políticas Públicas, Cristiane Britto.

Não é justo e democrático que sendo as mulheres 52% da população elas não estejam representadas devidamente no comando da Democracia, através dos Executivos e, principalmente dos Legislativos, pois ela pressupõe certo balanceamento na participação de diferentes grupos sociais na vida pública.

Teresa Sacchet, doutora em Ciência Política e mestre em Sociologia Politica pela Universidade de Londres diz que o processo político e a participação política das mulheres tem contribuído para a construção de propostas sobre estratégicas para aumentar a representação politica delas.

Autores tradicionais da teoria democrática consideram a participação de diferentes grupos no processo decisório como um elemento  importante do desenvolvimento democrático.

Lijphart Arend, politólogo, reconhecido e respeitado internacionalmente (formou políticos de renome na Universidade da Califórnia) apresenta em seus estudos uma lista interminável dentre os quais cita a importância da participação feminina nas decisões de governo.

A política de cotas é um dos principais mecanismos utilizados como  exemplo mundial para aumentar a presença das mulheres em cargos eletivos, principalmente a partir da IV Conferência Mundial sobre as Mulheres nas Nações Unidas (Beijing em 1995).

A “Beijing Platform for Action”,  documento extraído das propostas de ações da Conferência, recomenda que ações afirmativas e cotas sejam adotadas por governos e organismos internacionais para aumentar a presença de mulheres em posições de tomada de decisão politica.

As cotas eleitorais de gênero foram adotadas pela primeira vez no Brasil em 1995, reformada em 1997, pela lei 9.504/97, estipulando que cada partido deveria reservar o mínimo de trinta por cento.

De lá para cá as cotas não foram cumpridas pela maioria dos partidos, mesmo com a reforma  da legislação eleitoral em várias oportunidades. Por isso, vários setores de lideranças femininas têm lutado para alcançar esse objetivo.

A Uvesp estimula a participação feminina, juntando-se a Cristiane Britto e, em São Paulo, a Marta Lívia Suplicy que preside a Virada Feminina e à Dalva Crhistofoletti, cuja vida é luta constante para a mulher chegar ao Poder. Iremos impulsionar, o ingresso maior de mulheres nas próximas eleições.

Respeitar-se-á, assim, a expressão de perspectivas diversas, o respeito pelas formas múltiplas de expressá-las e o debate significativo com mulheres presentes, propiciando recursos para construir a justiça em sua plenitude.

                                                                                                    Silvia Melo, jornalista, presidente executiva da Uvesp e co-diretora da WLS Produções, e Conexão Municipalista Eventos.