DEEPFAKES E PROTEÇÃO DE DADOS
As deepfakes têm sido uma realidade cada vez mais comum, surgindo em múltiplos contextos e se tornando um desafio significativo para a segurança digital e a privacidade. Nos últimos anos, os avanços tecnológicos permitiram a criação de deepfakes em diferentes níveis de sofisticação, desde montagens básicas até produções altamente elaboradas, que se utilizam de inteligência artificial (IA) e aprendizado profundo para manipular vídeos, áudios e imagens com impressionante realismo. Muitos desses recursos estão disponíveis em plataformas gratuitas, o que facilita o acesso de qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento tecnológico para criar conteúdos falsificados que podem confundir e enganar.
Preocupado com o impacto crescente das deepfakes, há alguns dias, o Supremo Tribunal Federal (STF), em parceria com o DataPrivacy BR Research, lançou um Guia Ilustrado Contra Deepfakes (acesse https://portal.stf.jus.br/desinformacao/doc/Guia%20ilustrado%20Contra%20DeepFakes_ebook%20(1).pdf). Este documento tem como objetivo fornecer esclarecimentos de maneira acessível e prática, oferecendo orientações sobre como identificar deepfakes e alertando para os cuidados essenciais que devem ser tomados. O guia visa educar o público sobre os riscos envolvidos e sobre a importância de questionar a veracidade de conteúdos digitais que possam ser manipulados.
A facilidade com que deepfakes podem ser criadas tem implicações preocupantes para indivíduos, empresas e até instituições governamentais. De acordo com especialistas em segurança digital, qualquer pessoa com acesso a informações pessoais, desde jovens curiosos até hackers com conhecimento em tecnologia, pode produzir deepfakes. Em muitos casos, as vítimas sequer percebem a falsificação, o que facilita a disseminação de fake news e o uso dessas mídias manipuladas para fraudes ou extorsão.
As empresas, especialmente, têm sido alvos de ataques mediante utilização de deepfake. Executivos e profissionais em posições estratégicas foram induzidos ao erro, acreditando estarem interagindo com colegas ou parceiros de negócios reais, apenas para depois descobrir que estavam sendo manipulados por criminosos. Isso ocorre com mais frequência do que se imagina e, em casos extremos, leva à perda financeira significativa, pois muitas vezes, recursos ou dados confidenciais são liberados sem o devido cuidado, expondo a organização a riscos graves.
Para evitar essas armadilhas, as empresas devem adotar um conjunto de medidas preventivas e robustas. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), por exemplo, é um passo fundamental para empresas que desejam assegurar a proteção de dados e mitigar riscos associados ao uso de deepfakes. A LGPD exige que as organizações tratem dados pessoais de forma segura, transparente e ética, garantindo que informações sensíveis estejam protegidas contra acessos não autorizados. Além disso, a adoção de políticas de segurança da informação, aliada ao treinamento dos colaboradores para reconhecer ameaças digitais, contribui para minimizar os impactos desses ataques.
Entre as melhores práticas recomendadas para a prevenção e mitigação de riscos estão:
1. Educação e Conscientização dos Colaboradores: É essencial que todos os funcionários sejam informados sobre as ameaças representadas pelas deepfakes. Programas de treinamento sobre segurança digital e simulações de ataques podem ajudar a identificar possíveis ameaças antes que causem danos reais.
2. Implementação de Sistemas de Verificação de Identidade: Com o uso crescente de videoconferências e mensagens de voz, é importante que as empresas invistam em tecnologias de autenticação multifatorial e verificação de identidade, como reconhecimento facial seguro e confirmação de voz autêntica, para garantir que as comunicações sejam confiáveis.
3. Monitoramento e Auditoria Contínua de Dados: Para garantir que os dados pessoais estejam sempre seguros, é recomendável implementar processos de monitoramento e auditoria periódicos que verifiquem o acesso e uso dos dados armazenados. Ferramentas de detecção de manipulações, que utilizam algoritmos específicos para identificar deepfakes, podem ser integradas ao sistema de segurança.
4. Contratação de Consultoria Especializada em LGPD: A adequação à LGPD não é apenas uma exigência legal, mas uma medida estratégica para a segurança da informação. Profissionais especializados podem orientar a empresa sobre a melhor forma de proteger os dados pessoais e evitar que informações confidenciais sejam utilizadas em montagens fraudulentas.
Além das medidas internas, é importante que as empresas e seus colaboradores adotem uma postura crítica em relação a conteúdos digitais. Ao receber informações ou interagir com mídias audiovisuais, é prudente questionar a autenticidade dos arquivos e verificar a fonte das mensagens, especialmente em comunicações críticas e urgentes. No contexto empresarial, a simples atitude de validar as identidades envolvidas em uma conversa pode evitar grandes prejuízos e preservar a integridade da organização.
As deepfakes representam um desafio significativo, mas com as ferramentas adequadas e uma cultura de segurança bem estabelecida, é possível mitigar os riscos. Proteja seu negócio e garanta a conformidade com a LGPD. Contratar um serviço especializado em proteção de dados não é mais apenas uma opção, mas uma necessidade urgente para a sobrevivência e integridade das empresas no ambiente digital atual.
Cuide da privacidade e segurança de suas informações. Adote medidas contra deepfakes e proteja os dados pessoais da sua empresa com seriedade.
Dr. Hebert Chimicatti – Presidente da Chimicatti Advogados