Tempo de reflexão e de união

Surge um novo momento na política brasileira através da “União Municipalista”, consagrada pelo entendimento que só entrosamento unificado das entidades municipalistas torna possível o fortalecimento do Poder Local.

A Associação Paulista de Municípios realizou, pela primeira vez, um encontro de novos prefeitos, na cidade de Campinas. Exitoso em todos os sentidos, inclusive pelas presenças de graduadas autoridades nacionais dos três Poderes.

A reflexão sugerida é que governantes e governados devem se fixar na imagem do município como realidade. A União e os Estados são apenas ficções jurídicas.

Política e democracia não se fazem fora do município. Os Estados, maiores ou menores, nada mais são do que confederações de municípios. Para se chegar a essa realidade, basta ver que o Brasil nasceu sob a bandeira do municipalismo. Foram as cidades, como São Vicente, São Paulo, Salvador ou Porto Seguro, que determinaram o desenvolvimento político e social do País.

São Paulo é um exemplo de municipalismo. A cidade nasce ao lado de uma igreja e de um colégio, símbolos da cristandade e da cultura, e passa a ser o centro de conquista do território nacional e da civilização.

Os bandeirantes vão alargando as fronteiras do Brasil e reproduzindo em seu caminho o modelo de Piratininga.

Não há política, não há paz social, sem o respeito à autonomia municipal. A grande crise política brasileira iniciada nos anos 20, e ainda não resolvida em sua totalidade, tem sido a crise da autonomia municipal.
Não basta apenas o restabelecimento da autonomia política formal. O município exige mais. Recuperar a autonomia municipal em sua plenitude é recuperar a política, recuperar a democracia.

Quando não se confia no município, não se confia no povo. O município é a grande escola da cidadania. O município é real, a casa, a rua, o bairro, a cidade, o cotidiano do cidadão.

É na grande escola do município que o cidadão aprende a prática da política que conduz à defesa do bem comum e da sociedade democrática.

A “União Municipalista” é capaz de trabalhar arduamente, com apoio dos representantes municipais, pela conquista de melhores dias, que deve começar pelo município, base da própria nacionalidade onde se fixa, por um processo de condensação, o próprio sentimento de Pátria.

A proposta do presidente da Associação Paulista de Municípios , Marcelo Barbieri, de unificar o movimento municipalista com um só objetivo, o de fazer tremular a bandeira do municipalismo, terá, sem dúvida, repercussão em outros Estados.

As autoridades municipais estão cansadas de ‘pagar a conta’ em primeiro lugar e serem os últimos a serem consultados. Os acontecimentos brasileiros que antecipamos sempre, com a visão realista de que os municípios vão mal em razão de uma Federação às avessas, são os testemunhos mais significativos de que temos uma contribuição fundamental para dar ao País.

Não podemos nos contentar com a democracia formal que conquistamos, enquanto não a transformarmos na democracia real pela qual lutamos, qual seja a de participarmos ativamente da República Federativa, que representa o respeito aos Poderes Constituídos.

Com a “União Municipalista” concretizada e com iniciativas oportunas e soluções racionais, sempre que haja consciência social, os desafios do futuro serão resolvidos no presente.