Tecnologia e desenvolvimento sustentável são apontados como aliados na produção de alimentos
Alimentar a população mundial já é um dos maiores desafios do presente. Recentemente, atingimos a marca de 8 bilhões de pessoas e a expectativa é de que esse número chegue aos 10 bilhões até 2050. Não à toa, a ONU estima que, para dar conta de alimentar a todos, é preciso aumentar 70% da produção de alimentos também neste mesmo período. Ou seja, é de extrema importância buscar formas sustentáveis de agricultura para atender essa demanda.
Atualmente, a agricultura familiar responde por 80% de toda a produção de alimentos do mundo e é uma aliada do desenvolvimento sustentável, assim como a agricultura urbana. No Brasil, ela gera emprego e renda para cerca de 10 milhões de pessoas. A prática é mais sustentável porque as propriedades familiares substituem menos a mão de obra humana por máquinas, o que traz impacto positivo ao meio ambiente já que a emissão de combustíveis poluentes é menor. Em geral, pequenos agricultores também utilizam menos água e agrotóxicos.
Segundo Francisco Matturro, Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, a agricultura familiar é significativa, levando-se em consideração que dados do Censo Agropecuário mostram que o desenvolvimento socioeconômico do Brasil decorre do fato de termos mais de 5 milhões de estabelecimentos rurais no Brasil, sendo que cerca de 77% deles pertencem à agricultura familiar, com produções voltadas à pesca (87%), horticultura (83%), lavouras temporárias (80%) e permanentes (78%). Além disso, a agricultura familiar tem papel relevante para o equilíbrio regional por meio da produção e preservação das florestas nativas (86%).
Matturro também reforça que, esse tipo de agricultura é importante no desenvolvimento sustentável. “No Brasil, a sustentabilidade tem como seu principal instrumento o crédito agrícola, concedendo subsídios nas linhas de investimento em tecnologias menos impactantes ao meio ambiente, no uso de energia renovável e no reaproveitamento de resíduos, ou seja, as tecnologias verdes. Há no país diversos programas com direcionamentos ambientais e inovação tecnológica. Entre eles, cito como exemplo o Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC)”.
Levando em consideração o quanto as mudanças climáticas podem influenciar na produção de alimentos em um futuro próximo, o atual Secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo aponta que existe, desde 2010, um plano do governo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa a partir de técnicas de produção voltadas à sustentabilidade, como o sistema de plantio direto, reflorestamento e tratamento de dejetos animais.
“Destaco ainda o Sistemas Integrados de Produção (ILP-F) Integração Lavoura-Pecuária Floresta, que promove a recuperação de áreas de pastagens degradas com o plantio, na mesma área, de diferentes culturas agrícolas, pecuárias e florestais, gerando ganhos significativos na qualidade e conservação do solo, no aumento da produção e renda do produtor, no bem-estar animal e na redução das emissões”, acrescenta.
A participação do Brasil no mercado mundial de alimentos saltou de 20,6 bilhões para 100 bilhões de dólares nos últimos dez anos, com destaque para carne, soja, milho, algodão e produtos florestais.
“A contribuição do Brasil para o abastecimento mundial deverá aumentar ainda mais nos próximos anos. Tomo como base São Paulo que cresceu 28,64% no valor da produção agropecuária em 2021. É importante reconhecer a contribuição do nosso agro na disponibilidade de alimentos para a sociedade brasileira e para o mundo. Hoje, alimentamos mais de 1 milhão de pessoas no planeta, por meio das nossas exportações”, comenta Francisco Matturro.
Já em São Paulo, o agronegócio paulista aumentou em 10,3% (US$ 10,77 bilhões) suas exportações de janeiro a julho de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado, e em 5,7% (US$ 2,6 bilhões) suas importações, registrando saldo positivo de US$ 8,17 bilhões, índice 11,9% superior ao mesmo período de 2020.
“Em São Paulo estão os principais e mais respeitados institutos de pesquisas para agropecuária, com trabalhos que são referência no Brasil e no mundo. Muito do desenvolvimento e do crescimento do agronegócio brasileiro se deve aos nossos seis institutos de pesquisa: Instituto Agronômico de Campinas (135 anos fundado por Dom Pedro II) Instituto de Zootecnia (117 anos), Instituto Biológico (95 anos), Instituto de Economia Agrícola (80 anos), Instituto de Tecnologia de Alimentos (59 anos) e Instituto de Pesca (53 anos). Entre 2021 e 2022, o governo paulista, com recursos do Tesouro do Estado, investiu R$ 102 milhões para o desenvolvimento de pesquisas. É o maior investimento já feito pelo estado no setor. O Governo de São Paulo investe em tecnologia, facilitação e capital humano, tornando o agronegócio uma atividade ainda mais presente, produtiva e eficiente, superando expectativas e resultados. São Paulo é hoje um dos exemplos mais bem-sucedidos de agronegócio do Brasil”, finaliza.
O Governo de São Paulo investe em tecnologia, facilitação e capital humano, tornando o agronegócio uma atividade ainda mais presente, produtiva e eficiente, superando expectativas e resultados. São Paulo é hoje um dos exemplos mais bem-sucedidos de agronegócio do Brasil. Além disso, o agro é responsável por 15% dos empregos formais do Estado, com grande parte deles nos setores de serviços e agroindústria.
Estudantes de 9 a 11 anos da Escola Lumiar elegeram a alimentação como tema de interesse de um projeto desenvolvido sobre o cotidiano da cidade e o bairro onde vivem, em Pinheiros, no município de São Paulo. Eles vão produzir um documento, que chamaram de carta-proposta, para ser entregue na Prefeitura, com críticas e soluções para a questão alimentar, principalmente nas escolas.
“É uma questão de olhar para o próximo. Como a agricultura familiar impacta a sustentabilidade e como a alimentação adequada impacta o aprendizado, o desenvolvimento escolar e vai impactar no futuro para criar adultos capazes de mudar o mundo. A alimentação é parte importante da cidade. Está tudo muito relacionado. Não se pode compartimentar problemas e soluções porque tudo está muito ligado e a evolução acontece como um todo”, afirma a professora da Lumiar e tutora da turma, Fernanda Gasparini.
O trabalho pedagógico surgiu do interesse dos alunos em estudar e aprender um pouco mais sobre o espaço em que vivem, segundo a educadora. O nome escolhido para o projeto foi Tomates na Prefeitura, que tem três braços de ação. O produto final é a carta-proposta, que possibilitou aos alunos o estudo das funções de um prefeito, dos vereadores, a estrutura da administração pública e trabalhando no gênero de linguagem de carta. O trabalho terá como foco alimentação escolar, agricultura familiar e orgânica. Os estudantes da Lumiar vão entrevistar outros estudantes, pais e responsáveis para levantar as informações.
“Alimentação surgiu de forma natural porque a turma já havia realizado um documentário sobre a origem dos alimentos, que desencadeou esse interesse. Os estudantes passaram a avaliar o que comem e a refletir sobre a alimentação dos estudantes do bairro. Agora querem continuar a investigar a alimentação, no bairro e dentro das escolas”, diz a professora.
Eliria Buso
uvesp@uvesp.com.br