NÃO BASTA SÓ VIVER. É PRECISO CONVIVER

Por Silvia Melo*

Na recente Live da Uvesp, com o ex-governador Geraldo Alckmin, em suas orientações para que prefeitos e vereadores possam levar avante um bom trabalho, ele concluiu que o melhor caminho é conviver, pois não basta apenas viver.

A UVESP tem proposto que, principalmente os prefeitos, que vivem a pior crise das ultimas oito décadas, convivam com a população, mostrando a verdade e a transparência dos seus atos para que ninguém o julgue o único culpado pela ausência de políticas públicas.

Aqueles que se dedicam à realização de qualquer tarefa capaz de satisfazer alguma necessidade social sabem que na alienação, na inatividade, não conseguem mostrar a realidade dos fatos ao seu redor.

O esforço persistente, a ação construtiva, o anseio da superação, colocadas ao conhecimento do interlocutor, oferecem lições que não se encontram nos livros, mas sim na vida prática da convivência.

Acompanhei vários “Ciclos de Debates” do Tribunal de Contas do Estado, nesse e em outros anos, como Diretora de comunicação e agora como Presidente Executiva da UVESP. Ouvi as queixas e os lamentos dos prefeitos. Ouvi os medos e as incertezas. Vi as lições proferidas por conselheiros do Tribunal de Contas e senti que muitos estão prestes a apagar a chama do entusiasmo.

Dirigi-me até eles e elas (prefeitas amigas) e senti o desgosto de servir uma comunidade, em tempos de crise, de perseguição, de imposições, sabendo que uma coisa é certa, a de que ninguém se dispôs a trabalhar pela sociedade para deixar uma biografia manchada.

A todos, procuro sempre ter uma palavra de conforto e otimismo com as coisas que aprendei em 20 anos de municipalismo. Existe a crise sim, economia fraca sim, obras paralisadas sim, então além de todo trabalho e dedicação é hora de viver e conviver com seu povo.

Não permanecer na triste ideia de que afinal será vencido, mas lutar bravamente, tenazmente, não se entrincheirar no que hoje lhe pareceu imutável, deve fazer um inventário do seu potencial de  inteligência, capacidade e habilidade demonstradas em sua convivência com o seu povo. Agora é hora de chegar perto deles contando o que se passa as suas dificuldades, impostas por governos passados que brincaram com os recursos do povo.

Conviver, contar a realidade é impor para si mesmo a força de vontade. A vida como um todo, se desenvolve pela resistência, pela vivência e pela convivência. Dialogar, explicar é o melhor caminho.

Quando convidado para paraninfar uma turma de formandos em Direito, Rui Barbosa fez um discurso de três segundos. “Não desistam nunca”.

É isso que, modestamente, diante do que vejo e do que ouço, sugiro aqueles que se aventuraram na difícil missão de servir o seu povo.

 

*Silvia Melo é jornalista e Presidente Executiva da UVESP – União dos Vereadores do Estado de São Paulo