6º Expo Fórum Visite São Paulo debateu assuntos como aviação, hotelaria, reforma tributária e acessibilidade

A cidade de São Paulo recebeu 30% mais turistas em 2023 e ainda há espaço para crescer”. A declaração é do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, durante o 6º Expo Fórum Visite São Paulo, realizado no início de dezembro pelo São Paulo Convention & Visitors Bureau, que comemora seus 40 anos de existência.

Ao lembrar que São Paulo é a única capital mundial que sedia os três eventos da Federação Internacional de Automobilismo, Nunes informou que a cidade só “não recebe mais eventos por falta de espaço”.

Mas, destacou o prefeito, “para ter sucesso é necessário enfrentar os problemas. Aqui na capital o maior deles é a questão da segurança pública, que impacta o turismo. Mas, já estamos avançando”. Ele lembrou que a cidade já conta com 6.850 GCMs, inúmeras viaturas novas e parceria com o Governo do Estado para ampliar a Operação Delegada.

Após sua apresentação, o prefeito concedeu uma entrevista coletiva à imprensa, durante a qual anunciou que São Paulo está implementando uma grande campanha de divulgação nacional e internacional da cidade.

O líder do Executivo da capital paulista afirmou, ainda, estar trabalhando para impulsionar o turismo na cidade por meio da gastronomia e novos eventos. “Estamos investindo em espaços de turismo cultural, ampliando os eventos de negócios e incentivando os turistas a conhecer São Paulo”, disse Nunes, lembrando que a revitalização do Pacaembu amplia as possibilidades.

Ricardo Nunes também destacou que a cidade investe na qualidade dos espaços e no acolhimento dos turistas. “Estamos trabalhando para receber melhor as pessoas. Os polos de ecoturismo estão se preparando cada vez mais”, afirmou ele, ao adiantar que a cidade lançará em janeiro o seu plano de turismo.

“É importante que o turismo entre no debate eleitoral”, disse o secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, Roberto de Lucena. Para justificar sua opinião, lembrou que até outubro o Estado havia recebido 1,7 milhão de turistas internacionais e que o setor empregou, nos primeiros dez meses do ano, 54 mil pessoas – a expectativa era de 55 mil em todo o ano de 2023.

Lucena destacou ainda as tendências para 2024, que são o turismo sustentável, experiências locais, tecnologia no turismo, viagens personalizadas e turismo de saúde e bem-estar. O foco para o próximo ano, segundo ele, são o turismo rural e de natureza, a regionalização, regionalização da gastronomia paulista, digitalização e capacitação.

Cristiano Vasques, sócio-diretor da HotelInvest, destacou a hotelaria brasileira virou a página da pandemia e apontou que houve um crescimento expressivo do setor nas principais cidades, como mostrou a pesquisa Panorama da Hotelaria, realizada em parceria com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).

“São Paulo foi uma das cidades que mais se destacaram. A pesquisa mostrou um crescimento forte de diária média, de trezentos para quatrocentos reais. O RevPar cresceu 35% nos primeiros nove meses deste ano em comparação com o mesmo período do ano”, apontou Vasques, ressaltando que é um crescimento para se comemorar.

O executivo disse ainda que “a perspectiva para o ano que vem é um crescimento pequeno de ocupação e crescimento forte para a diária média, que deve aumentar 5%”.

Por sua vez, o diretor executivo do FOHB, Orlando de Souza, pontuou que a ausência de novos hotéis para os próximos anos reflete, em grande parte, o período sombrio implementado pela pandemia, retraindo os investimentos. “Ninguém vai lançar hotéis após os últimos anos. Isso influenciou as ofertas de novos empreendimentos”, explicou.

Souza lembrou que a oferta pequena representa uma perda para o turismo. “A ampliação de oferta é essencial para o turismo se desenvolver. Na década de 1990, a chegada de novos concorrentes permitiu que a hotelaria da cidade de São Paulo se desenvolvesse de modo diversificado. No Brasil, com a taxa de juros, é difícil desenvolver a hotelaria”, afirmou.

Ao falar sobre as Tendências do Setor Aéreo, Ruy Amparo, da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), disse que “o setor está se recompondo. Há críticas de que as passagens são caras, mas a defasagem entre oferta e demanda precisa melhorar para que as tarifas cheguem ao patamar correto”.
Amparo disse ainda que as companhias aéreas estão recompondo suas frotas e que “a disputa por aviões no mundo é complicada, porque os pedidos são entregues dois anos depois. Mas, ele destacou que o grande desafio é gente, “porque houve enxugamento dos profissionais especializados”.
Entre as tendências do setor analisadas por Amparo estão “o aumento do número de voos entre a capital paulista e o interior e a melhoria da conectividade”.

Acessibilidade e Selo de Evento Neutro foi outro tema do Expo Fórum, que reuniu Marcos da Costa (Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência), Silvia Grecco (Secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência (SMPED) e Fernando Beltrame (Eccaplan Soluções em Sustentabilidade).
A secretária Municipal da Pessoa com Deficiência de São Paulo, Silvia Grecco, contou que a cidade soma mais de 1 milhão de pessoas com deficiência. “Quando falamos de acessibilidade, não é apenas rampa de acesso, piso tátil e arquitetura. Falamos sobre acessibilidade digital, inclusão, comunicação”, informou.
A especialista afirmou que é essencial que o turismo saiba acolher a pessoa com deficiência e criar iniciativas que estimulem sua presença em todos os ambientes. “Temos que pensar nas pessoas que nunca tiveram oportunidades. É importante investir em acessibilidade e ampliar a consciência da importância de ter esse olhar para as pessoas com deficiências”.

Já o secretário de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, lembrou que a comunicação é fundamental para avançar na acessibilidade. “Quando falamos de dignidade, falamos de todos e de todas. A acessibilidade é uma oportunidade de acolhimento e de negócios para quem trabalha com turismo”.

Marcos também destacou que o governo estadual de São Paulo preparou uma cartilha contendo pontos sobre turismo inclusivo e os caminhos para conceber um ambiente afetuoso, inclusivo e acessível.
Fernando Beltrame, da Eccaplan Soluções em Sustentabilidade, ressaltou que o momento requer reforçar os compromissos com pautas globais como redução na Emissão de CO 2, questões climáticas. “O Brasil recicla apenas 3 % dos resíduos. Temos que reforçar os nossos compromissos e fazer o que está ao nosso alcance”, enfatizou.

O 6º Expo Fórum Visite São Paulo foi encerrado com o painel Bem Receber, que contou com a participação de Luciane Leite, secretária executiva da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo, Chieko Aoki, do Blue Tree Hotels, Juliana Assumpção, da ABAV, Fernanda Herbella, Deatur-SP, com mediação de Guilherme Paulus (CVC).

Luciane disse que o bem receber é importante pela jornada do viajante, que começa ainda em casa quando ele escolhe um destino para conhecer. “Cada elo da cadeia é fundamental”.