Sustentabilidade e preservação do meio ambiente são pilares de tradicional empresa do agronegócio de Itu (SP)

Com quase 100 anos de história, a Guarany é case de sucesso em projetos socioambientais

O relacionamento entre o agronegócio e o meio ambiente é um assunto que nunca esteve tão em pauta. Nos últimos anos, o setor se mostrou um dos grandes impulsionadores da economia nacional, o que exige, cada vez mais, que sejam buscadas formas de desenvolvimento sustentável para aliar produtividade e preservação.

Para a Guarany, um dos grandes nomes deste segmento no Brasil, o tema não é novidade. A empresa, sediada em Itu, no interior de São Paulo, vai completar 100 anos em 2023 e vem sendo reconhecida por seu constante trabalho de gestão ambiental.

Em 2009, foi destacada pela Cetesb entre os cases de sucesso do Acordo Ambiental, por conta de seu programa Salvando Nascentes, e mais recentemente, no final de 2022, participou da COP27, no Egito.
A Guarany, representada por sua presidente, Alida Bellandi, intregrou o painel “Advancing Corporate Decarbonization: Public and Private Synergies and Future Regulatory Frameworks – decarbonization initiatives” da Conferência da ONU sobre mudanças climáticas.

A empresa, totalmente brasileira, é fabricante de máquinas para aplicação de defensivos agrícolas e de equipamentos, tanto para o combate aos vetores de endemias, como para incêndios florestais, em duas divisões de alta especialização.

Durante os anos de trabalho no agronegócio, conquistou certificações conferidas pela ISO 9001, ISO 14001 e por outros renomados institutos, o que confirma a busca contínua pela qualidade global com inovação tecnológica.

Ou seja, com a contribuição de várias gerações, a Guarany permanece fiel a sua missão: garantir a satisfação dos seus clientes, colaboradores, acionistas e parceiros; buscar a melhoria contínua dos nossos produtos, serviços, processos e práticas ambientais; respeitar as pessoas, o mercado e o meio ambiente e atender às legislações e ao código de ética.

História

Começando como uma indústria química (a Bellandi & Cia) em 1923, para produzir corantes para o tingimento de tecidos, a Guarany ampliou suas atividades nos anos 1940, tornando-se uma metalúrgica, produzindo embalagens para os corantes e uma linha completa de artefatos domésticos (latas e bandejas), inclusive o pulverizador doméstico – a conhecida “bomba de flit”, para a Esso (Standard Oil).
Após isso, incorpora a moldagem de plásticos, sua principal especialidade industrial atualmente. E, no final dos anos 1970, abre as portas do mercado internacional, expandindo continuamente suas fronteiras e, exportando hoje para mais de 70 países, em vários continentes.

Desenvolvendo sua própria tecnologia em pulverização, depositou inúmeras patentes, tornando-se um dos maiores especialistas mundiais e integrando comitês internacionais da FAO-ISO e da OMS, para definir diretrizes e especificações para máquinas e aplicações.

As máquinas, certificadas no Brasil e no exterior por institutos especializados, atendem vários segmentos de mercado, com um pacote completo de produtos: agricultura e horticultura, florestal e saúde ambiental.
Com uma história construída por três gerações, as práticas de responsabilidade social, preservação ambiental e governança fazem parte dos valores e princípios da empresa.

Também reconhecida por seu processo de internacionalização, em muito pelo trabalho da atual presidente – que assumiu em 1999 o comando da empresa fundada por seu avô -, a organização já recebeu, inclusive, menção no livro O Exportador, de Nicola Minervini.

Formada em Engenharia Química pela Universidade Mackenzie e pós-graduada em Comércio Exterior e Marketing Internacional pela FUNCEX, Alida Bellandi iniciou sua carreira na Guarany nos anos 1970, cuidando dos setores de globalização e marketing.

Hoje, quase cinquenta anos depois, a empresa está presente em mais de 70 países, incluindo Estados Unidos, Inglaterra, Nova Zelândia, e países da África, América Latina e Sudeste Asiático.

Para comentar sobre esse momento e sua participação na COP27, o Jornal do Interior conversou com a presidente da Guarany em entrevista que você confere a seguir:

• Quais os principais projetos socioambientais do grupo? •

Primeiramente, vale mencionar que a Guarany vem desenvolvendo ações nesta área desde o início dos anos 1990, quando foi implantada a sua política socioambiental, baseada nos princípios de conscientizar, educar, e dar bons exemplos.
Destacamos algumas ações/projetos:
• Arboreto (plantio de um bosque de espécies nativas em extinção)
• Tecendo Florestas (tecendo a Mata Atlântica em teares manuais – envolveu 5000 crianças de grande parte das escolas de Itu)
• Projeto Xingu (treinamento das primeiras brigadas indígenas do PIX para o controle e combate dos incêndios florestais)
• “Salvando Nascentes” em parceria com a prefeitura de Itu (plantio de arvores nativas para a recuperação das matas ciliares das nascentes que abastecem as bacias locais)
Dois destes resultariam na seleção do case da Guarany para a COP27, considerando sermos superavitários na questão da descarbonização, ou seja, para cada 1 tonelada de CO² que emitimos, retiramos do meio ambiente 9.8 toneladas.

• Qual a importância de participar do Acordo Ambiental do Governo liderado pela Cetesb? •

Consideramos de grande importância, por três motivos:
• Pelo aprendizado quanto à medição da emissão/absorção de CO2, ao incorporarmos as métricas e metodologia desenvolvidas pelos engenheiros que trabalharam para este acordo na Cetesb.
• Pela contribuição na redução das emissões de CO², melhorando a qualidade do ar e ajudando a mitigar os efeitos das mudanças climáticas
• Pela reputação/credibilidade junto a sociedade, fazendo jus aos propósitos da nossa empresa!

• Como avalia a participação da Guarany na COP27? •

Muito interessante pela abrangência dos temas, pela troca de ideias, pelo networking e consequente agregação de valor ao conhecimento e políticas adotadas pela empresa.
Foi uma oportunidade de expor o “case da Guarany” selecionado pela Cetesb, esperando que seja útil de alguma forma.

• O painel debateu principalmente temas como adaptação das mudanças climáticas e seus impactos, mitigação da emissão dos gases de efeito estufa e crise energética; como a empresa vem atuando nessas áreas? •

Desenvolvendo projetos como o “Salvando Nascentes” em parceria com a prefeitura de Itu e, adotando várias nascentes, realizando o plantio de arvores nativas para a recuperação das matas ciliares.
Cuidando de forma permanente do meio ambiente!
Mudando a embalagem dos produtos para atender as normas da Eu Recyclo – e realizando a compensação ambiental de resíduos de maneira descomplicada e rápida, através da emissão dos certificados das embalagens = promovendo reciclagem com responsabilidade social.
Certificando os equipamentos a nível internacional, com a EPA e Carb free – dos Estados Unidos, com o selo CE, entre outros, pela baixa emissão de gases poluentes.
Utilizando o Plástico Verde (I’m green) – primeira linha de pulverizadores fabricada com plástico verde (proveniente da cana de açúcar).
Plantando espécies nativas em extinção (Arboreto), para se ter um banco genético, ser uma área de estudo e visitação das escolas.

• Qual a importância e os desafios de implantar uma cultura sustentável em uma empresa do agronegócio? •

Importância de conscientizar e educar, levando boas práticas não só aos nossos colaboradores e clientes, mas, principalmente aos pequenos e médios produtores do Brasil e dos países onde atuamos.
O principal desafio é o de mudar paradigmas, a começar internamente, e depois no nosso entorno, estendendo aos vários mercados.

• Como conciliar a internacionalização (um dos pilares da empresa) e a preservação do meio ambiente? •

Entendemos que não são excludentes, mas complementares! A preservação do meio ambiente deve ser um princípio universal que, sendo parte da nossa filosofia empresarial, está sendo levada para todos os mercados onde atuamos.
A presença consolidada da Guarany no mercado internacional e, a participação das linhas de produtos de cada divisão (agrícola, de saúde ambiental e de combate aos incêndios florestais) nos vários países, ratifica esta realidade.

• A empresa completa 100 anos em 2023. Quais as expectativas para este ano, principalmente em relação aos avanços tecnológicos e de preservação? •

As expectativas são de continuar investindo no desenvolvimento sustentado, de acordo com os princípios da responsabilidade social e do compromisso ambiental, com governança, sempre e quando os riscos do cenário político e econômico sejam minimizados.

Eliria Buso
uvesp@uvesp.com.br