Tradição solidária enfrenta desafios e busca ampliar seu impacto social no Brasil

O voluntariado formal teve origem no século 19, com o enfoque na benemerência. Na época, os problemas sociais eram entendidos como “desvios” da ordem dominante e atribuídos a indivíduos “em desgraça” que, por não terem a oportunidade de se reintegrarem à sociedade, necessitavam da caridade organizada. Assim, famílias mais abastadas, com boas intenções, distribuíam seus excedentes entre os necessitados.

Decretado o dia 5 de dezembro como o Dia Internacional do Voluntário pela Assembleia Geral das Nações Unidas, as nações têm se unido com sucesso ao voluntariado em todo o mundo
Conversamos com Reinaldo Papaiordanou, empresário, presidente do Comitê Comunitário Consultivo do ICr, é um dos “anjos sem asas” que atuam junto ao Instituto da Criança e Adolescente do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Reinaldo Papaiordanou

J.I. – O Sr. acha que o brasileiro mais solidário em relação a outros povos? •

R.P – Acho que sim, o brasileiro é um povo muito solidário, com coração muito bom. De certa forma é uma característica de países onde há uma grande desigualdade social, como acontece no Brasil, mesmo assim, ele ainda se destaca em relação a outros países.

  • J.I – Em relação ao voluntariado, acredita que já
    está arraigado em
    nossa cultura? •

R.P. – Acho que culturalmente o povo brasileiro embora solidário, mas pouco ativo em termos de moimentos sociais e de cobranças de políticas públicas do governo que possam assistir àqueles mais necessitados e os que estejam em vulnerabilidade social.

J.I. – O que faz despertar a vontade de ser um voluntário em uma pessoa? •

R.P. – Acredito que as pessoas despertam para o voluntariado à medida que toma conhecimento das injustiças sociais que existem, e são diversas áreas que se pode atuar. Além disso, um dos pilares que certamente impulsionam é o sentimento de gratidão, gratidão pela vida, que acaba por fazer com que se queira retribuir tudo o que se recebeu, fazendo algo pelos outros.

J.I – O voluntariado exige compromisso e respeito às regras, correto? Os jovens conseguem se adequar? •

R.P. – Comprometimento e cumprimento das regras e das leis são extremamente importantes. Nosso dever social é fazer a diferença junto àqueles que são mais necessitados. É importante que os jovens sejam chamados para esse trabalho, que deve estar nas escolas, nas famílias e que precisa de mais divulgação. Certamente eles se adequam.

  • J.I – Acredita que se o
    Brasil tivesse uma rede maior de voluntários,
    inclusive no campo das
    pesquisas, poderíamos estar em outro patamar? •

R.P. – Por mais que o Brasil tenha grande número de voluntários, projetos sociais, ONGs e afins, a demanda é bem maior. Acho que deveria um projeto de política pública que estimulasse o voluntariado, passando inclusive na área
de educação.

J.I. – Qual a importância do voluntário hoje no Hospital do Câncer Infantil do Hospital das Clínicas de São Paulo e que papéis ocupam? •

R.P. – Hoje são mais de 400 voluntários atuando em prol das famílias e das crianças no Instituto da Criança e Adolescente do HC. São muitas as necessidades dessas famílias e crianças, que vão muito além do tratamento. Através dos grupos de voluntariado eles conseguem acesso a moradias e apoio econômico, considerando que muitos vem de fora de São Paulo e não tem onde ficar, e por vezes tem que abandonar seus empregos para ficarem com os filhos, não gerando renda para os pagamentos de contas básicas, além da alimentação diária.

Para saber como ser voluntario ou fazer doações ao do Hospital do Câncer Infantil do Hospital das Clínicas de São Paulo basta acessar o site https://icr.usp.br/doacoes/ ou , contate a Humanização do Instituto: 2661-8859 / 8827 ou e-mail humaniza.icr@hc.fm.usp.br.

Patricia de Campos
Jornalista
patricia.campos@uvesp.com.br